sábado, 2 de abril de 2011

Assessment Centers

Um dos aspectos ainda não lançados na discussão nacional refere-se à técnica de selecção dos assessment centers. Num mundo cada vez mais focado no trabalho do conhecimento e de profusão dos trabalhadores do conhecimento avaliar competências, com maior eficiência e critério, é importante até na óptica empresarial da diferenciação e da necessidade da internalização de activos do conhecimento. Saber diferenciar os recursos colocados num ambiente criado virtual próximo do efectivo e real, joga assim com a flexibilidade, a adaptabilidade, a autonomia e a inovação sendo um bom preditor do desempenho da função. Não é, assim, de desprezar a reflexão sobre a importância dos estágios como porta e boa prática de selecção e recrutamento.

É interessante verificar como numa fase de descrença e depressão "nacional", todos os atributos num mundo global e instantâneo fazem muito parte do fenótipo do trabalhador nacional: a capacidade de adaptabilidade, a inventiva... pelo que mesmo nos momentos de maior desânimo há sempre "luz" ao fundo do túnel.

Estratégia e ética: Core Concept

Pode uma estratégia ser considerada ética só porque envolve acções que são legais?
Para encontrar o standard da ética, uma estratégia deve restringir-se a acções que passem o escrutínio moral e que não causem danos a terceiros ou sejam necessariamente prejudiciais para o ambiente.
É ético para os fabricantes e para a indústria farmacêutica de medicamentos cobrar preços maiores em alguns países do que cobram noutros?

Mastering The Management System

O planeamento através de cenários que evitem extrapolações do passado num realidade de mudança rápida, abre as portas a uma curiosa comparação de Ogilvy, dizendo que do mesmo modo que Heidegger afirmava que a tomada de consciência da nossa mortalidade (senso de urgência) ou da finitude humana (escolhas a fazer, trade offs a operar), nos dá a dimensão da fragilidade das nossas certezas, o desenvolvimento de um quadro de cenários (que nos afaste do fado predeterminado ou dos consensos de futuro) afasta o falhanço e instila-nos o sentido de urgência existencial da vitória da mente sobre a matéria.

Algumas frases tiradas do artigo de Ogilvy estão contidas no Mastering the management system: Suddenly, humanity had a future; You make yourself by making decisions; things last a while, then they change, and there are significant choices to be made at the cusps and bifurcations.

Os cenários são, assim, verdadeiros ensaios existencialistas sobre o futuro, antecipando War rooms de emergências, escolhendo realidades. Muito interessante a criação de cenários de quase morte, fazendo-nos lembrar os testes de stress que vem aí reforçados para a banca Portuguesa (cenários de quase morte).

O Existencialismo como Estratégia

O recurso de James Ogilvy, onde se faz a comparação do existencialismo com as questões estratégicas, começa com a conclusão de um comportamento humano cada vez menos previsível, extraindo a conclusão que os consumidores descobriram a liberdade existencial. Da economia da necessidade, estável, passámos para a economia, "reino da liberdade".

Para James Ogilvy, enquanto a velha economia recorria a estratégias construídas por engenheiros de acordo com as "leis da necessidade", a nova economia, de futuro variável e imprevisível, faz emergir uma estratégia existencial à medida de uma "vida", que se afigura estranha para as organizações. Os instrumentos estratégicos tem agora de acomodar-se à incerteza, sendo que uma economia existencial obriga a uma estratégia existencial - sendo que a filosofia existencialista é aquela que vinca a importância e robustez da escolha individual.

Breve nota para acrescentar que a trilogia, "Os caminhos da liberdade", de J.Paul Sartre, livro que me marcou na minha adolescência, tendo sido um marco na minha descoberta do existencialismo - chama à colação esta linkagem do existencialismo, à estratégia existencialista e aos seus 5 princípios: a finitude (nas escolhas), "o no one is too big to fail,...", a definição precisa de interesses, "o passado, as experiências, o core", a reinvenção do futuro.

Num tempo de crise - estratégica? - nacional é bom de ler o "taking charge of our own future" como o sentido existencialista que pode promover uma nova estratégia existencial ganhadora. Afinal, a estratégia passa sempre por uma abordagem de liberdade de escolha!