sexta-feira, 20 de maio de 2011

Visão Integradora da Gestão da Inovação e do Conhecimento

Numa abordagem integradora da gestão da inovação e do conhecimento é interessante definir gestão do conhecimento através da proposta de Bergeron. Gestão do Conhecimento é, para Bergeron, uma deliberada e sistemática optimização estratégica do negócio, que selecciona, separa (destila), armazena, organiza, "empacota" e comunica informação essencial ao negócio de uma empresa de modo a desenvolver a performance dos funcionários e a competitividade corporativa ou empresarial. É, assim, uma visão sistemática de gestão dos activos intelectuais (e de outra informação) de modo a "entregar" à empresa vantagem competitiva, sendo adicionalmente optimização estratégica de negócio não limitada a tecnologias em particular ou fonte de informação específica.

Bergeron dá a páginas (Bergeron: 9) um exemplo daquilo que é, ou não, gestão do conhecimento: uma empresa de marketing e comunicação que tire cópias e imagens anteriormente usadas em campanhas de publicidade - e as digitalize para armazenar em CD-ROM - não está ela própria a "praticar" KM. Contudo, se a indexar através de um aplicação informática que permita a procura do seu conteúdo específico, em vez de um usuário ter de fazer a busca através de centenas de imagens, está a utilizar KM ou está a gerir o conhecimento.

Aspecto onde também podemos dar uma visão integradora é a do valor económico da gestão do conhecimento para os trabalhadores do conhecimento, para os gestores, clientes e outros importantes stakeholders. Bergeron sobre este assunto dá a dimensão do desafio de trabalhar neste mundo intangível da gestão do conhecimento, dado a maioria dos seus efeitos serem qualitativos e de difícil mensurabilidade.

Assim, discrimina do ponto de vista qualitativo os potenciais benefícios da gestão do conhecimento: melhor gestão de ideias; diminuição da probabilidade de saída de funcionários; maior lealdade da clientela; crescente identificação e colaboração cliente; crescente satisfação cliente; inovação crescente; crescente capacitação do trabalhador do conhecimento; crescente produtividade do trabalhador do conhecimento; crescente satisfação do trabalhador do conhecimento; crescente liderança de marketing; crescente estabilidade organizativa; crescente satisfação accionista; crescente percepção das necessidades clientes; mudança cultural positiva.

Do ponto de vista quantitativo, também os potenciais benefícios são descritos: poupança custos; melhoria do ratio de crescimento cliente; melhoria dos resultados; melhoria das margens de negócio; melhoria do balanço da empresa ou do valor da empresa; crescente atracção cliente; crescente fidelidade cliente; crescente share ou percentagem de mercado; crescente compras repetidas; crescente valor de stocks; diminuição do custo das vendas. 
 
 

Mais Apontamentos sobre a Agenda de Lisboa e sua Revisão

No relatório da revisão da Estratégia, ou Agenda de Lisboa, o relator fala na necessidade de um maior empenho político e de um mais alargado suporte por parte dos cidadãos Europeus e da necessidade do trabalho em conjunto. Mau indicador, desde já, num espaço que devia ser comum e num espaço prestes a alargar-se à vintena. No seu resumo fala-se de coesão social, sustentabilidade ambiental como forma de contribuir para um crescimento maior e para o emprego e necessidade do aumento da produtividade via uma conjunto de reformas e um quadro macroeconómico que suportasse o crescimento, a procura e o emprego. Isto requeria acção sobre 5 áreas de política: a sociedade do conhecimento, o mercado interno, o clima de negócios, o mercado laboral, a sustentabilidade ambiental.

A mais interessante é a que fala no clima de negócios: redução do fardo administrativo, melhoria da qualidade da legislação, facilitação da criação de empresas e (mais importante para mim) a criação de um ambiente amigo dos negócios. A Agenda de Lisboa parecia assim estar a ser indiciada para o bom caminho, independentemente de uma enorme confusão entre ambiente amigo dos negócios e desregulação, para além da recomendação da remoção das barreiras à competição. Um dos mais estranhas contradições da Europa é, entretanto, a aceitação (já mencionada por mim na anterior intervenção) por parte da Europa, do comércio com países terceiros em ambiente de dumping social (concorrência desleal) e os "estragos" importantes para alguma indústria Europeia (a não deslocalizada e produtora na China, Bric's e/ou países em desenvolvimento em geral) devido a um ambiente de comércio aberto mas não totalmente saudável (por restrições de vária ordem) do comércio mundial.

O que falhou entretanto? Em primeiro lugar a crise mundial, mas também a crise (na minha modesta óptica) das lideranças, das ideologias, do alargamento e da coesão, que não tiveram em conta as recomendações do relatório: a construção de um mercado do trabalho inclusivo para a construção de uma forte coesão social. Aliás, não faz sentido quando a aspiração dos povos mundiais em geral é a aspiração ao modelo social Europeu, querer desmontá-lo ou reduzi-lo na Europa (por parte de alguns ideólogos Europeus, como se a sustentabilidade não pudesse ser construída por outros meios, como a diminuição das desigualdades no seu seio) como forma de aumentar a competitividade com os outros espaços mundiais. Para finalizar, uma menção à má formatação da moeda única em ambiente de crise (de guerra monetária!) como ajuda "à festa" de um perigoso desequilíbrio no seio de uma Europa que só se justifica e sustenta na coesão.

Apontamentos sobre Crescimento e a Agenda de Lisboa

Os desiratos da Agenda ou Estratégia de Lisboa, desenhados no Conselho Europeu de Lisboa, pareciam bondosos se nos ativermos aos seus grandes objectivos: preparar a transição para uma sociedade e uma economia do conhecimento através da investigação e desenvolvimento e da aceleração das reformas estruturais reforçando a competitividade e a inovação. Concomitantemente com uma alteração do modelo económico Europeu a estratégia englobava, também, a modernização do modelo social Europeu através do desenvolvimento dos recursos humanos combatendo a exclusão social. Adicionalmente no Conselho Europeu de Gotemburgo do ano seguinte adicionou-se uma dimensão ecológica visando o desenvolvimento sustentável. 

Em 2004 face às dificuldades para atingir os objectivos e alvos traçados em Lisboa, fixam-se novas prioridades como a melhoria do investimento em redes e em conhecimento, o reforço da competitividade e o prolongamento da vida activa. A identificação de medidas efectuada no relatório "A estratégia de Lisboa para o crescimento e emprego" efectuada por um grupo de individualidades apontou eventos externos e alguma inacção, agendas sobrecarregadas, fraca coordenação e prioridade em assuntos conflituais. Apontou também a urgência da tomada de medidas face ao crescente gap com América e Ásia e o problema seminal Europeu: o fraco crescimento populacional e o envelhecimento da população Europeia. Os primeiros sinais de aparente contradição com a manutenção do modelo social Europeu estão aqui já bem presentes. O crescimento rápido da economia mundial e uma certa globalização do conhecimento, através das redes do conhecimento, em consonância com uma pouco avisada estratégia da indústria Europeia em se deslocalizar e com acordos de comércio internacional onde não são devidamente acauteladas perdas de comércio (por efeito de concorrência desleal via dumping social), trazem os primeiros sinais de alarme para uma Europa habituada a ser um dos motores principais da economia mundial. 

É interessante verificar como a Agenda de Lisboa parecendo, como estratégia, demasiado optimista e algo desfocada nos seus pressupostos, não foi capaz de flexibilidade suficiente para prever a alteração e revolução profunda operada a nível mundial com a globalização, pensando a estratégia para a economia do conhecimento como correctora suficiente da recorrente perda industrial e relacional da Europa com outros espaços. O enfoque demasiado numa economia não transaccionável, à semelhança de Portugal, terá funcionado como detonador de uma crise enunciada que começará a pôr o modelo social Europeu em cheque?

Já vimos que a economia do conhecimento por si só é insuficiente para gerar valor suficiente para “alimentar” a população Europeia no quadro dos benefícios acrescidos do histórico Estado Social. Não tendo a Europa grandes recursos energéticos, pareceria também já em Lisboa ter sido avisado a alteração da necessidade rápida de alteração do paradigma energético, evitando a dependência e consequente perda de influência da Europa das estrelas. A política de emigração denota, também na minha óptica, falta de vistas largas de extractos importantes da própria população Europeia com evidentes reflexos nas lideranças, não entendendo e replicando o sucesso do modelo Americano de crescimento sustentado através do crescimento populacional.

Coaching: alguns objectivos e benefícios

Sobre um inquérito ao Coaching, em duas vertentes, um pequeno comentário aos objectivos na procura do Coaching e aos benefícios manifestados pós experiência (referido a Portugal). 

Relativamente aos objectivos iniciais uma percentagem substancial dos inquiridos visava (por ordem decrescente de resposta) uma melhoria do seu desempenho profissional (perspectiva abrangente), um desenvolvimento da sua capacidade de liderança, desenvolvimento pessoal e acompanhamento em fase de mudança. Para "trás" parece ficar um foco mais específico (independentemente da abrangência parece querer significar que os inquiridos ainda vêem o Coaching como uma quase novidade) como o melhoramento da comunicação, resolução de problemas organizacionais, motivação de equipas e gestão de carreiras.

Relativamente aos benefícios já manifestados pelos "nossos Coachee's" as expressões retiradas de um pós inquérito revelam os efeitos sentidos por estes sujeitos: desde efeitos na auto-estima e auto-confiança, a mudança de atitudes e comportamentos, a descoberta de potencial, a diminuição de stress, a auto - reconhecimento através de retorno de interacção com espelhos, ... A extracção destes elementos permite-nos, assim, concluir, não só como o Coaching é acedido por motivações muito diferenciadas, como as suas vantagens são manifestadas por um leque muito alargado. A última conclusão dada a dimensão das inúmeras propostas, influências e processo em evolução, é a de como se começa a tornar complexo abarcar sinteticamente todo o universo actual do Coaching.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Caminhos da Investigação: os Índices e os Títulos na Investigação em Gestão e as suas Variáveis

É indubitável a importância da indiciação prévia da investigação. Em ciência não se brinca! Ajuda-nos a organizar os passos da investigação e facilita o desenvolvimento coerente do mesmo.O índice, curiosamente, parece "sofrer" da mesma necessidade de conceptualização clara da relação lógica entre as variáveis em dada situação, sendo que do mesmo modo que entre duas variáveis parece haver lugar para visões relacionais distintas, também aqui no domínio da indiciação, parece haver lugar a translação e tradução, devendo procurarmos em primeira instância uma indiciação clara que nos ajude em afastar "o lost in translation" da própria investigação.

Para quem tem um pensamento estruturado, muito ordenado e disciplinado logicamente, a indiciação parece seguir a mesma lógica certinha e arrumada que desponta e dá frutos nas conclusões e recomendações finais. Para quem cultiva alguma caoticidade naquela espécie de brain storm cerebral (entre o quase nada jornalístico e uma certa expressão de plasticidade e constante ebulição mental de que fala Pacheco Pereira, no seu ponto com pouco contraponto) a indiciação tem essa vantagem de encurtar caminho (e esforço e dinheiro, quando se sobrevaloriza tempo e dinheiro) que de outro modo se perdia num caminho mais longo. Normalmente sigo a via mais longa, com óbvias penalidades e desvantagens da assumpção de practicidade, mas também com a vantagem de por caminho mais sinuoso se encontrarem elementos aparentemente escondidos chamados à pedra de novos ângulos e superfícies. Parece não ser o caminho da Gestão, mas é, porque a Gestão prática obriga a tempo de qualidade de reflexão!